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HC-UFTM

HC-UFTM realiza dois transplantes de rins simultâneos do mesmo doador

Publicado: Quinta, 06 de Novembro de 2025, 03h22

Transplante simultâneo é benéfico para as pacientes, porque reduz tempo de isquemia dos órgãos
 
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O Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), protagonizou um sábado importante na história. No dia 25/10 foram realizados dois transplantes de rins simultâneos do mesmo doador.  O procedimento só foi possível graças à mobilização de duas equipes em duas salas de cirurgia concomitantemente.

“Normalmente, a gente faz um transplante, depois o outro. Só que eu e o Dr. Osmar Eustaquio Ribeiro de Souza, também urologista, estávamos no plantão. Então conseguimos organizar, junto com a equipe de residentes, para que eu ficasse em uma sala de cirurgia e o Dr. Osmar em outra. Todo mundo se disponibilizou. Foram duas equipes: uma para cada transplante. Equipe anestésica, de enfermagem, instrumentação cirúrgica. Isso sem contar a cobertura do plantão, das urgências, que seguiam normalmente no hospital, em um sábado à noite”, contou Solon Quintão Henriques Júnior, urologista da Unidade de Sistema Urinário no HC-UFTM.

Os rins disponíveis para doação são avaliados por algumas características, uma delas é a tipagem sanguínea. “Existem outros marcadores, algumas proteínas, e alguns outros imunomarcadores, que eles chamam de painel. Quanto mais baixo esse painel, é mais compatível aquele paciente com aquele rim. E, normalmente, eles selecionam os pacientes mais compatíveis que estão nessa fila”, apontou Solon.

“Todo mês são coletados exames dos pacientes inscritos na fila de transplante e são encaminhados para a central. Essas amostras de sangue ficam em um computador. Quando você tem um provável doador, o sangue do doador é colocado para reagir com o sangue dos pacientes da fila, então vemos qual é o mais compatível. Aparece para a gente o sistema chamado HLA, onde vemos quais são as probabilidades de compatibilidade de cada paciente. Um paciente que acabou de entrar na fila pode ser mais compatível do que aquele que está há dez anos aguardando um rim e, de acordo com a compatibilidade, é para esse paciente que será feito o transplante”, explicou Maria Paula Santos Fontes, nefrologista da Unidade de Sistema Urinário do HC-UFTM.

Não necessariamente o tempo de espera é o mais importante, mas é considerado quando há pacientes com o mesmo perfil de compatibilidade. Se o paciente não tem nenhuma contraindicação, nenhuma infecção, não está tratando algo que impossibilita de fazer o transplante, não está viajando, esse paciente é direcionado para aquele rim. Se os dois primeiros pacientes selecionados forem do mesmo hospital, esses dois rins serão direcionados para esse hospital. Cruzar a compatibilidade do rim com a fila e mesma instituição também não é tão comum. “A última vez que aconteceu aqui no HC-UFTM foi há cerca de 15 anos, uma única vez”, explicou Andrea Silva Dutra Tirones, Chefe da Unidade de Sistema Urinário do HC-UFTM.

Irmãs de rim
Raquel e Raimunda são as duas pacientes que receberam os rins do doador. Duas histórias diferentes, mas com o mesmo final feliz. Raimunda Meireles Machado, 57 anos, faz tratamento com hemodiálise desde 2019 e está há seis anos e quatro meses na fila do transplante de rim. “Para mim foi o maior presente, porque a hemodiálise prende a gente três vezes por semana, aí a gente não pode sair, não pode viajar. Para mim foi uma libertação. Eu tenho minha mãe doente acamada, agora vou poder cuidar mais dela e dos meus netos. Eu tenho filha que mora em São Paulo e agora posso ir lá visitar. Então foi um presente de Deus e uma libertação na minha vida. Compartilhar a cirurgia e ter uma irmã de rim é um presente de Deus também. Temos a mesma letra RR, né? Raimunda e Raquel”, concluiu Raimunda.

Raquel Borges Flores, 56 anos foi diagnosticada com insuficiência renal crônica há sete anos, mas estava na fila há cerca de cinco meses. É uma paciente preemptiva, quando está no estágio final da doença renal crônica, mas ainda não iniciou a hemodiálise. “É um fato quase que inédito. Ela teve muita sorte. Foi um espetáculo para ela, foi muito agraciada”, comemorou a nefrologista.

“Eu não senti nada. Foi uma coincidência. Eu fiz exame de sangue de rotina e a creatinina estava muito alta. Depois do diagnóstico de doença renal crônica, mais ou menos de três em três meses eu vinha no médico, fazia todos os exames de sangue, ultrassom, raio-x e sempre estava acompanhando, aqui no hospital escola. Receber o rim foi maravilhoso. Um presente de aniversário”, emocionou Raquel, que fez aniversário dois dias depois do transplante.

A Unidade do Sistema Urinário do HC-UFTM dispõe do Ambulatório de Transplante Renal, cuja equipe é composta por Alcino Reis Mendes e Maria Paula Santos Fontes, nefrologistas, Mauro Gomes Junior, enfermeiro e Vilmar de Paiva Marques, médico responsável técnico pelo Serviço de Transplante. Toda a equipe de nefrologistas e urologistas participam do processo de avaliação e preparação do paciente para o transplante.

“O HC-UFTM está apto a fazer dois transplantes simultâneos, e isso é muito bom, porque às vezes você vê hospitais maiores que não conseguem realizar dois transplantes simultâneos numa mesma noite. E nós conseguimos isso. A equipe se desdobrou e nós conseguimos fazer simultaneamente as duas pacientes, para que não houvesse prejuízo para nenhuma das receptoras. Poderíamos ter feito opção por fazer um primeiro, esperar, depois iniciar o outro, só que o segundo transplante ia ficar com tempo de isquemia maior, ou seja, um rim iria ficar um tempo maior fora do receptor e com isso prejudicaria uma das receptoras. Por isso foi feito simultaneamente, as duas pacientes foram preparadas ao mesmo tempo, estavam prontas em tempo hábil e os dois rins foram implantados na mesma hora. Isso foi muito benéfico para as pacientes, que estão tendo excelentes resultados”, finalizou Maria Paula.

Sobre a Ebserh
O HC-UFTM faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

 

Redação: Pollyana Freitas / Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh

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