Resultados de pesquisa que investiga a presença de alumínio em sombras cosméticas são aceitos para publicação em revista científica

Os resultados dos projetos de Ensino “Brilhando no ensino de Química Analítica: identificação de alumínio em sombras cosméticas coloridas” e de Iniciação Científica “Análise Química de Alumínio em Sombras Cosméticas: um Metal Potencialmente Tóxico”, aprovados nos editais N° 23/2024/DAEN/DGE/PROENS e Nº 01/2025/PROPPG/UFTM, respectivamente coordenados pelos professores Valéria Almeida Alves e Luís Antônio da Silva, do Laboratório de Eletroquímica e Eletroanalítica, ambos lotados no Departamento de Química do ICENE da UFTM, culminaram no aceite do artigo “Análise Química de Alumínio em Sombras Cosméticas: um Metal Potencialmente Tóxico” na Revista Virtual de Química, da Sociedade Brasileira de Química (SBQ).

Participam também as discentes do curso de Licenciatura em Química, Bruna Garibalde da Silva (bolsista da PROENS), Nathália Lina de Oliveira Lina (discente de IC e colaboradora no Projeto de Ensino) e Emily Aparecida Santana Cunha (colaboradora nos projetos de Ensino e de IC). As vigências dos projetos de Ensino e de IC são até dezembro de 2025 e março de 2026, respectivamente.

A pesquisa

O trabalho de pesquisa teve como objetivo utilizar e propor métodos analíticos para identificar e quantificar alumínio em amostras de sombras cosméticas coloridas e de baixo custo comercializadas em lojas físicas localizadas na cidade de Uberaba. “A identificação de elementos potencialmente tóxicos (EPT), como o alumínio, bem como a determinação do seu teor, utilizando-se metodologias e técnicas analíticas eficientes, consiste numa ferramenta relevante e necessária para melhor gerenciamento da produção de cosméticos, especialmente aqueles aplicados na região dos olhos, podendo apresentar toxicidade à saúde humana”, afirmou o docente Luís Antônio.

As amostras analisadas têm origem na China, 2º líder mundial no mercado de Produtos de Higiene Pessoal, Perfumes e Cosméticos (HPPC). Os produtos finais obtidos são a Laca de Alumínío, precipitado de cor roxo-avermelhado (na reação de identificação) e o complexo 8-Hidroxiquinolinato de Alumínio, de coloração amarelo claro (na reação de quantificação).

 A análise qualitativa das sombras cosméticas evidenciou a presença de alumínio nas dez amostras analisadas, de quatro marcas diferentes, de cores laranja de tons diferentes; marrom; azul; roxa e dourada com glitter. “Contudo, os rótulos das embalagens não informaram sobre a presença de alumínio na composição das sombras cosméticas, exceto no glitter da sombra cosmética dourada. Os teores de alumínio encontrados variaram de 11458 a 238795 mg kg-1. Todas as sombras cosméticas analisadas são potenciais fontes de riscos à saúde humana. Indivíduos que utilizam estes cosméticos estão expostos a altos níveis de alumínio, que combinado com o seu uso frequente, aumenta o risco de absorção deste metal pelo organismo, podendo resultar em efeitos toxicológicos”, explicou o coordenador da pesquisa.

A presente pesquisa também visa induzir o aprimoramento da regulamentação acerca do controle de qualidade de produtos de HPPC pela ANVISA, nos seguintes aspectos: ampliando o rol de metais tóxicos que os produtos cosméticos podem conter e estabelecendo os seus limites de concentração; e exigindo que os fabricantes informem nos rótulos dos produtos de HPPC quais EPT estes poderão conter na sua composição química, bem como seu nível de concentração. “Essas medidas podem mitigar os riscos da exposição dos consumidores a tais agentes químicos, garantindo a sua segurança”, concluiu.

O projeto de ensino focou na identificação de alumínio em amostras encontradas no cotidiano dos estudantes, as sombras cosméticas, e na produção de material didático para ser utilizado na parte experimental da disciplina Química Analítica, a fim de tornar as aulas mais atrativas e relevantes, potencializando o processo de aprendizagem dos estudantes. No semestre letivo vigente de 2025/01, o material didático elaborado pela equipe executora do projeto de ensino já foi implementado na disciplina Química Analítica II e os estudantes do curso de Licenciatura em Química da UFTM, Eliezer Ruas de Oliveira, Rafaela Godoi Pinto e Yasmim Cristine Oliveira da Silva, realizaram análises das sombras cosméticas no Laboratório de Química do DQ/ICENE, na Unidade III da Univerdecidade (Uberaba/MG). 

O tema dos projetos de ensino e pesquisa também tem potencial para realizar ação de extensão e, em breve, os coordenadores dos projetos implementarão atividades em escola do ensino médio de Uberaba e a publicação aceita na Revista Virtual de Química será divulgada nos canais de comunicação da UFTM.

Imagens: Arquivo pessoal - Valéria Almeida Alves/UFTM