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Fisioterapia

Fisioterapeuta do HC-UFTM aprimora dispositivo de apoio a paciente acamado

Publicado: Segunda, 29 de Novembro de 2021, 10h40

Acometido por um acidente vascular cerebral no dia 14 de novembro, paciente já se senta com mais comodidade à beira do leito, na enfermaria de Neurologia do Hospital de Clínicas da UFTM, em Uberaba MG, e tem experimentado os benefícios de uma cadeira projetada especificamente para pessoas com enfermidades cerebrais limitantes. Familiar do paciente classifica o dispositivo como “bom demais, porque a pessoa não fica só deitada na cama, numa posição só. Ajuda a melhorar, dá uma força para a pessoa se sustentar mais rápido”.

Para entender como o uso dessa adaptação inovadora se tornou realidade no Hospital de Clínicas, é preciso voltar no tempo até 2018, quando um conteúdo na internet chamou a atenção da fisioterapeuta respiratória Priscila Mauad Rodrigues: uma cadeira para acomodar pacientes na borda da cama hospitalar. Estimulada com o que viu, ela conversou com os colegas, manifestando interesse em ter o produto no HC-UFTM.

“Eu vi essa cadeira de PVC chamada Dasbel (sigla para Dispositivo Auxiliar de Sedestação a Beira Leito), que uma equipe hospitalar multidisciplinar de São Paulo criou para sentar os pacientes no CTI – Centro de Terapia Intensiva”, relembra. O produto não é patenteado. O grupo criador permite que seja produzido apenas para fins hospitalares ou não comerciais. “Era uma cadeira grande, que não dobrava, não tinha a proteção na frente”, salienta a fisioterapeuta. A partir daí, a profissional (que há mais de cinco anos integra a equipe da enfermaria de Neurologia no HC) desejou ter no dia a dia do trabalho um aparato com características semelhantes, porém com inovações: que fosse dobrável e com cabeceira inclinável.

 

União entre assistência, ensino e pesquisa

Pensando numa parceria, Rodrigues entrou em contato com o departamento de Engenharia Mecânica da UFTM. O professor Marcos Massao Shimano topou o desafio e ajudou a projetar a cadeira em PVC, com base na original e seguindo as sugestões da fisioterapeuta. A proposta: criar um modelo que pudesse ser dobrado, coubesse dentro de um armário e tivesse encosto reclinável.

O projeto, então, passou pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição. A partir daí, com dois alunos do curso de Engenharia Mecânica, Rodrigues e Shimano confeccionaram um protótipo, testando-o com pacientes. Nessa etapa, ocorria na prática uma relação entre pesquisa acadêmica e retorno de resultados à sociedade: a cadeira virou um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) no  departamento.

Em 2019, com um projeto de mestrado que buscava demonstrar a viabilidade de produção e a funcionalidade da cadeira, Rodrigues foi admitida no Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da UFTM, sendo orientada pela professora Luciane Sande de Souza. A pesquisa se baseou no modelo original (já acrescido de encosto reclinável) e testou amplamente a eficiência da cadeira, na enfermaria de Neurologia.

Parceiro na empreitada, o professor Shimano fez uma proposta para melhorar o material, incluindo o alumínio na estrutura do dispositivo. Também foi criada uma barra de proteção frontal, para impedir que o paciente caísse para a frente, proposta pela professora Luciane Sande. “Fizemos tudo em conjunto. Foi muito legal, pois reuniu a assistência, os alunos da graduação em engenharia mecânica e a pós-graduação”, pontua Rodrigues. O protótipo se mostrou mais estável, com melhor encaixe na cama (e consequentemente no corpo), mais fácil de limpar, menos pesado, e conta com cinco níveis de inclinação (dois a mais do que o de PVC), e a barreira de segurança frontal.

A profissional explica que outros benefícios também são percebidos no cotidiano hospitalar. “Quando você faz os exercícios com o paciente sentado, os faz contra a gravidade; ele consegue flexionar e estender melhor a perna, por exemplo. A função pulmonar também melhora, minimizando riscos de pneumonia e infecção no órgão, pois ele se desencosta da cama”, enumera. 

O foco nas necessidades expressas pelas famílias dos pacientes foi determinante para a iniciativa de criação das cadeiras, conta a fisioterapeuta. “Quando o paciente sofre o AVC ou tem algum problema neurológico que o deixa acamado, a família tem uma preocupação de não conseguir cuidar. E quando a gente senta o paciente, orienta, mostra que ele tem possibilidade de melhorar, a família vê com outros olhos. A gente percebe que eles já querem levar [a cadeira] para casa”, relata.

Atualmente, existem na unidade hospitalar duas cadeiras frutos da iniciativa: a de PVC e a de alumínio. Aprovadas pela CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar), são higienizadas a cada uso. Em outubro de 2020, a fisioterapeuta fez uma proposta para a instituição solicitando a compra de material para a manufatura de dez cadeiras de alumínio. Elas seriam serradas e montadas pelo professor Shimano e equipe. Inicialmente a sugestão foi aprovada, porém está em trâmite para efetivação. A intenção do grupo é ofertá-las para mais dez setores do HC-UFTM.

O preço do material da cadeira é estimado em R$ 366. A mão de obra está sob a responsabilidade do professor Marcos Shimano. "Nossa intenção é ajudar o paciente. Então reunimos pessoas e estamos tentando fazer uma boa ação”, justifica Rodrigues. Eles pretendem lançar até o fim de 2021 uma cartilha explicativa voltada para a montagem da cadeira de PVC e a de alumínio, que será distribuída para os acompanhantes na alta do paciente, dando-lhes a opção de ter o produto em casa.

Fonte: Unidade de Comunicação HC-UFTM

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