Publicado estudo sobre benefícios climáticos de um pequeno parque urbano em Uberaba

O artigo científico elaborado na UFTM “O efeito da ilha de frescor e umidade em cidade média tropical: o caso de um pequeno parque urbano em Uberaba (MG)” foi publicado na edição de agosto da revista Caminhos de Geografia, periódico científico classificado como Qualis A1 na área de Geografia. A autoria é de Leandro de Godoi Pinton, professor do Departamento de Geografia (DEGEO) da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), de Tainá Medeiros Suizu, geógrafa da Secretaria de Planejamento (Seplan) da Prefeitura Municipal de Uberaba, e de Wendell André Cornélio, licenciado em Geografia pela UFTM. A publicação foi desenvolvida no âmbito de um projeto de pesquisa coordenado pelo professor Leandro, cadastrado na Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPPG/UFTM) sob o número 09/2021.

O estudo teve como principal objetivo analisar os efeitos climáticos de um pequeno parque urbano de Uberaba (MG) – o Parque Municipal Mata do Ipê – especificamente avaliando sua capacidade de reduzir o calor e aumentar a umidade do ar em seu entorno durante diferentes momentos do dia da estação primavera-verão.

Metodologia

Os pesquisadores realizaram o estudo por meio de monitoramento móvel a pé para registrar a temperatura e a umidade relativa do ar no nível onde as pessoas caminham nas ruas. As coletas ocorreram à tarde e à noite, para identificar como o microclima varia em diferentes momentos do dia.

A rota investigada seguiu a Avenida Guilherme Ferreira, uma via longa e simétrica, com pouca ou nenhuma cobertura vegetal — características que definem um cânion urbano — que leva diretamente ao Parque Municipal Mata do Ipê, permitindo comparar as condições climáticas da paisagem urbana com e sem os efeitos da vegetação.

Também foram analisadas características físicas da paisagem, obtidas por Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e observações de campo, como a proporção de áreas construídas, impermeáveis e com vegetação. Foram ainda considerados fatores que influenciam o fluxo de ar, o sombreamento e as trocas de energia, como a relação entre a altura dos prédios e a largura das ruas, e a orientação das vias.

Para entender a influência de elementos naturais, a análise incluiu dados topográficos (elevação e classe de relevo da área) e informações sobre os sistemas atmosféricos regionais atuantes no período de estudo.

“Apesar do amplo reconhecimento dos benefícios das áreas verdes urbanas na regulação da temperatura e da umidade do ar, bem como na promoção da saúde e do bem-estar da população, ainda são raras as pesquisas que investigam como esses serviços se manifestam em parques menores de cidades médias tropicais — justamente onde condições ambientais singulares exigem estratégias eficazes de mitigação e adaptação ao calor, voltadas ao conforto térmico de espaços urbanos ao ar livre. O estudo responde a essa demanda urgente, especialmente diante de evidências recentes que apontam desigualdades significativas no acesso, na disponibilidade e na qualidade das áreas verdes em cidades da América Latina — cenário que limita o potencial de resfriamento urbano”, explicou o coordenador da pesquisa.

Leandro também aponta que o trabalho contribui para o fortalecimento dos princípios do Geoparque Global da UNESCO de Uberaba, tendo em vista reforçar a importância de integrar a gestão de seus patrimônios naturais a ações locais de enfrentamento dos impactos das mudanças climáticas e de promoção do conforto térmico para moradores e visitantes.

Principais resultados

O estudo mostrou que, à tarde, o Parque Municipal Mata do Ipê funciona como uma ferramenta natural de adaptação ao calor urbano, oferecendo condições microclimáticas mais confortáveis para a população. À noite, o parque proporciona até 1,3 °C de resfriamento no seu entorno imediato (30 a 80 metros além de suas bordas), ao que reforça seu papel como elemento essencial nas estratégias para reduzir o calor urbano local e fortalecer a resiliência térmica da cidade.

Link de publicação do artigo: https://seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/view/76935

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Imagens: Arquivo da pesquisa da UFTM