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Pesquisa

UFTM participa de descoberta de novo gênero de titanossauro

Publicado: Quarta, 05 de Maio de 2021, 10h15

Um estudo recém publicado na revista inglesa Historical Biology traz a revisão taxonômica de um gigante do Período Cretáceo e a proposição de um gênero de dinossauro inédito para a paleontologia brasileira. O estudo foi desenvolvido pelos pesquisadores Julian C.G. Silva Junior e Max C. Langer da USP (Ribeirão Preto), Fabiano Vidoi Iori, colaborador do Museu de Monte Alto, Thiago S. Marinho, professor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e pelos pesquisadores argentinos Agustín G. Martinelli e Martín Hechenleitner.

Arte do Arrudatitan - Ariel Milani Martine
Arte do Arrudatitan - Ariel Milani Martine

Julian, autor principal do estudo, é egresso do Centro de Pesquisas Paleontológicas "Llewellyn Ivor Price" - CCCP e do curso de Ciências Biológicas da UFTM. O professor Thiago foi um dos orientadores de Julian no mestrado, realizado na USP de Ribeirão Preto (SP) sobre titanossauro, mais especificamente sobre o Uberabatitan, da região de Uberaba. “Minha contribuição no trabalho foi a orientação do Julian, além de ajudar com a identificação do material de Monte Alto (SP)”, explicou o docente.

A descoberta dos fósseis

Primeira campanha de escavações em Cândido Rodrigues (1997)
Primeira campanha de escavações na região de Cândido Rodrigues (1997)

A descoberta de um dos maiores e mais completos dinossauros brasileiros ocorreu em 1997 por inusitados caçadores de fósseis. Ademir Frare, um comerciante de frutas e conhecedor dos sítios da região de Cândido Rodrigues (SP), e seu sobrinho Luiz Augusto do Santos Frare, um garoto de 12 anos apaixonado por dinossauros. A dupla resolveu sair pela região em busca de fósseis e em uma dessas caçadas acharam ossos grandes e entraram em contato com a equipe do Museu de Paleontologia de Monte Alto.

O paleontólogo Fabiano V. Iori relata que as escavações revelaram uma raridade paleontológica. “Quando começamos a escavar, não parava de aparecer fósseis. Encontramos vértebras, costelas, partes da bacia e ossos de membros, muitos deles ainda estavam articulados, principalmente os ossos da região dos fêmures e início da cauda.”

Osso fóssil encontrado durante a primeira campanha de escavações
Fóssil encontrado durante a primeira campanha de escavações

As escavações ocorreram em 1997 e 1998 e foram coordenadas pelo professor Antônio Celso de Arruda Campos (1934-2015), então diretor do Museu. Professor Toninho, como era conhecido, também foi coautor na descrição original do espécime, publicada no ano de 2011, onde o animal foi reconhecido como uma espécie nova dentre os Aeolosaurus, um gênero já conhecido na Argentina.

O novo gênero

Julian Silva Junior, autor principal do estudo de 2021, explica que novos dados e técnicas surgiram recentemente e que as análises atuais de parentesco entre a espécie brasileira e as argentinas se mostravam inconclusivas. “Analisando as estruturas das vértebras caudais do dinossauro de Cândido Rodrigues, observamos que são distintas dos demais dinossauros de seu grupo e tais feições serviram para estabelecer um diagnóstico para propor um novo gênero.”

O animal foi rebatizado como Arrudatitan maximus, em que a designação Arrudatitan é uma homenagem ao “Prof. Toninho”, responsável pela criação do Museu de Monte Alto, por dedicar décadas às pesquisas paleontológicas e também por ter coordenado os trabalhos de escavação e preparação dos fósseis do dinossauro de Cândido Rodrigues, que viria a receber o seu nome.

Professor Antonio Celso de Arruda Campos, ohomenageado
Professor Antônio Celso de Arruda Campos, o homenageado

O epíteto maximus se refere ao grande porte do animal. Segundo Julian, o Arrudatitan tinha entre 19 e 22 metros de comprimentos, sendo considerado o terceiro maior dinossauro do país. Pertencia ao grupo dos saurópodes, dinossauros herbívoros caracterizados por seus longos pescoços e caudas. Assim como os demais titanossauros  destaca-se por seu grande tamanho e por ter um esqueleto leve, porém, resistente o suficiente para suportar o peso do animal. De acordo com o professor Thiago, a metodologia para identificar o novo gênero também é original. “Usamos uma metodologia nova para estimar o tamanho do Arrudatitan. Fizemos várias análises estatísticas comparando com titanossauros mais completos de outras partes do mundo e chegamos a um tamanho estimado”, revelou.

 

Arte do Arrudatitan - Devers on Pepi
Arte do Arrudatitan - Devers on Pepi

Iori explica que o Arrudatitan viveu há cerca de 85 milhões de anos, no Período Cretáceo e que esse gigante conviveu com dinossauros predadores (abelissaurídeos e dromeossaurídeos), crocodiliformes (itassuquídeos, peirossaurídeos, esfagessaurídeos e outros notossúquios), quelônios, moluscos, entre outras formas.

Exposição dos fósseis do Arrudatitan no Museu de paleontologia de Monte Alto
Exposição dos fósseis do Arrudatitan no Museu de Paleontologia de Monte Alto

Segundo Sandra Tavares, paleontóloga e diretora do Museu de Paleontologia de Monte Alto, este estudo amplia ainda mais o conhecimento sobre os fósseis dos titanossauros que viveram na região de Monte Alto-SP. Sandra ressalta que os fósseis de Arrudatitan maximus, além de sua importância científica, estão entre as peças mais apreciadas da coleção pela dimensão dos ossos. “Em breve, os fósseis poderão ser vistos pelo público em geral na reabertura do museu, logo após a estabilidade da pandemia de coronavírus”, explica Tavares.

 

Fonte e imagens: Museu de Paleontologia "Antônio Celso de Arruda Campos", Monte Alto (SP)

Arte em destaque:  Ariel Milani Martine

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